Pesquisa da FGV Direito SP aponta queda na confiança dos brasileiros no Judiciário.
Dados coletados pelo ICJBrasil – Índice de Confiança na Justiça, da FGV Direito SP, evidenciam queda na confiança da população em praticamente todas as instituições analisadas, na comparação com 2016. Pela primeira vez o STF foi incluído na avaliação, para verificar se o brasileiro difere o trabalho da Suprema Corte do restante do Judiciário: a pesquisa revela que a confiança da população na Supremo é de 24%, assim como na Justiça.
As instituições que sofreram as quedas mais acentuadas foram o Poder Executivo (45%) e Congresso Nacional (30%).
À exceção de redes sociais, que viu a confiança subir 61%, e da Polícia, que registrou leve incremento de 4%, a confiança do brasileiro nas outras instituições analisadas caiu. Os destaques são para:
- Sindicatos (-29%)
- Ministério Público (-22%)
- Poder Judiciário (-17%)
- Grandes Empresas (-15%)
- Emissoras de TV (-9%)
- Igreja Católica (-7%); e
- Forças Armadas e Imprensa Escrita (-5%).
Os partidos políticos mantiveram um patamar de 7% na confiança e deixaram o posto de instituição menos confiável pelos brasileiros para o Governo Federal.
Luciana de Oliveira Ramos, coordenadora do ICJ, atribui esse desempenho à intensa exposição das falhas e acertos de todas essas instituições na mídia com o desenrolar dos últimos episódios políticos:
“A pesquisa captou um momento em que o brasileiro passou a acompanhar com mais preocupação os movimentos de combate à corrupção. Ao ampliar seu conhecimento sobre as instituições, ele passou a acreditar menos nelas. Além disso, o descolamento das demandas da população com os interesses dos Poderes da República colabora para uma visão menos alentadora do brasileiro.”
Confiança na Justiça
A confiança da população no Judiciário também apresentou uma queda de 10 pontos percentuais entre 2013 a 2017, passando de 34% para 24%. “Esse dado é significativo, tendo em vista que nos anos anteriores não havia grandes oscilações no grau de confiança na Justiça”.
As instituições mais confiáveis do país também foram mal avaliadas, especialmente a partir de 2014. A confiança nas forças armadas caiu de 68% para 56% no período, ao passo que a confiança da população na igreja católica também sofreu retração de 59% para 53%.
As instituições que mais tiveram queda no seu grau de confiança foram o Governo Federal, que passou de 29% para 6%, o Ministério Público, de 50% para 28% e as grandes empresas, cuja confiança passou de 43% para 29%.
Ainda especificamente sobre o Judiciário, persiste a percepção de que a instituição é lenta, cara e difícil de se utilizar. Para 81% dos entrevistados, o Judiciário resolve os casos de forma lenta ou muito lenta. O mesmo percentual afirma que o custo de acesso à Justiça é caro ou muito caro e 73% dos respondentes consideram que o Judiciário é difícil ou muito difícil de utilizar.
Uma informação relevante do relatório é que 29% afirmam conhecer nada ou quase nada das leis brasileiras e 10% afirmam não cumprir as regras. Para 38% dos entrevistados, deputados e senadores são os que mais desrespeitam a lei no Brasil, seguido por pessoas em geral (30%), o Presidente (15%), policiais (6%), empresas (3%), advogados (3%), juízes (2%) e jornalistas (1%) e 1% não soube responder.
Percepção dos entrevistados sobre quem mais desrespeita as leis no Brasil
Entre os Estados, os entrevistados residentes no Rio de Janeiro e São Paulo são os que, em maior proporção, consideram que os parlamentares são os que mais desrespeitam as leis no Brasil.
Todas essas perguntas compõem o Índice de Confiança na Justiça (ICJBrasil), que se trata de uma nota de 0 a 10 em relação à confiança da população no Judiciário. Em 2017, a Justiça recebeu uma nota de 4,5.
A nota é composta por 2 subíndices, o de percepção que, numa escala de 0 a 10, foi de 2,8 pontos, e o de comportamento (atitude) que, também numa escala de 0 a 10, chegou a 8,4. Foram entrevistadas 1.650 pessoas de 8 Estados da Federação (Amazonas, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Distrito Federal).
Postado por: Rafael Rodrigues Cordeiro
Fonte: Migalhas