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Uma história como a de muitos profissionais (da área jurídica ou não).

A história que passo a contar é baseada na vida de uma Advogada chamada Diana (nome fictício). Diana tem 38 anos, formou-se há 10 anos e há 09 é Advogada; está divorciada mas vive em União Estável; não teve e nem quer ter filhos pois acredita que não seria capaz de educá-los da forma devida!

Há quatro anos, quando a conheci, parecia uma pessoa feliz e bastante normal – no entanto, após estreitarmos relações, Diana me contou que tinha problema de fobia social e era por isso que quase nunca a víamos no Fórum da cidade onde morávamos, nem era fácil localizá-la (não atendia as chamadas, tampouco sms ou chat do skype).

Segundo ela, passava os dias com medo de encarar o mundo fora das paredes de seu apartamento; sequer o lixo levava para fora (era o companheiro que o fazia); essas e outras atividades que demandasse abrir a porta e colocar os pés para fora eram do marido (mercado, padaria, etc).

Durante uma das poucas, todavia longas conversas que tivemos ela me contou isso e me perguntou como poderia seguir vivendo da forma como vivia? Como não tinha escritório atendia na sala da OAB do Fórum ou em seu apartamento; isso quando alguém a procurava via internet (era inscrita num site onde enviavam indagações e procuravam advogados), às vezes a conversa “surtia efeito” e a pessoa pedia para falar pessoalmente e ela marcava para uma data qualquer. Na véspera do encontro não dormia; o simples motivo de saber que teria que sair de casa a angustiava, torcia para que a pessoa ligasse ou mandasse mensagem dizendo que não iria – na verdade, esperava que o possível cliente não fosse (torcia contra si mesma, sabendo que necessitava do trabalho)!

Diana é um tipo de pessoa que quando está em público não se nota que tenha um problema dessa grandeza, transparece ser distinta do que é – sorri, conversa, brinca; mas, segundo ela, conta os minutos para sair, voltar para casa, que é onde se sente, verdadeiramente, bem!

Além dessa fobia de sair de casa para falar com alguém, tinha também a fobia de receber alguém na própria casa, houve uma época em que além disso tinha medos (os medos eram de sair à noite ou de que seu marido saísse – independente da hora, e não voltasse mais – tinha demasiado medo da violência do lado de fora de casa)! Acreditava que estando dentro estaria segura!

Hoje moro em outro Estado; infelizmente perdi o contato com ela (por minha ou sua culpa, não sei), o fato é que gostaria muito de saber de seu estado de saúde psíquica pois a vi de forma preocupante. Espero que tenha superado essa fase difícil

O que é Fobia social?

Sinônimos: transtorno ansioso social, sociofobia

Muitas pessoas podem apresentar timidez, em maior ou menor grau, principalmente em ambientes novos, desconhecidos e cheios de pessoas estranhas. Encontros sociais, falar em público e começar em novo emprego, por exemplo, são situações em que a timidez costuma falar mais alto naturalmente. Apesar de ser normal sentir-se ansioso e inseguro em lugares e situações como essas, a tendência é que as pessoas vão se familiarizando com o local e, aos poucos, entrosando com outras pessoas e fazendo novas amizades.

No entanto, há quem evite essas interações sociais ao máximo. São pessoas que ficam apavoradas com a ideia de ir a uma festa ou a qualquer outro evento social, pessoas que, de tanto medo que sentem, muitas vezes chegam ao ponto de evitar todo e qualquer tipo de contato social. Esse comportamento é característico de um distúrbio conhecido popularmente como fobia social, ou transtorno da ansiedade social.

Causas

Como muitos outros problemas relacionados à saúde mental, a fobia social é resultado, provavelmente, de uma complexa interação entre o meio ambiente e genes. As possíveis causas incluem:

Hereditariedade

Os transtornos de ansiedade, entre eles a fobia social, são comuns em pessoas de uma mesma família, mas ainda não está claro se há mesmo uma relação direta entre a genética e esses distúrbios.

Estrutura cerebral

A amídala cerebelosa é uma importante estrutura do cérebro na formação e controle das emoções humanas, entre elas o medo. As pessoas que têm essa estrutura hiperativa podem apresentar maior sensação de ansiedade e insegurança em momentos de socialização.

Meio ambiente

Ao contrário de outras condições de saúde, acredita-se que a fobia social esteja mais relacionada a causas externas do que a causas genéticas. Por isso, é possível afirmar que o transtorno de ansiedade social pode ser um comportamento aprendido ao longo da vida. Além disso, parece haver uma associação entre o distúrbio e a forma como o filho recebeu educação dos pais.

Fatores de risco

A fobia social é um dos transtornos mentais mais comuns que existem. Ela geralmente começa da adolescência, mas pode acontecer também em crianças e até mesmo na idade adulta.

Vários fatores podem aumentar o risco de uma pessoa vir a desenvolver esse distúrbio. Veja:

Histórico familiar

Uma pessoa é mais propensa a desenvolver fobia social se a família tiver algum histórico da doença.

Traumas e experiências negativas

Crianças que sofrem provocações, como bullying, rejeição, ridicularização ou humilhação tendem a ser mais propensas a distúrbios de ansiedade social. Além disso, acontecimentos negativos e/ou traumáticos na vida da criança, como conflitos familiares ou abuso sexual, podem ser associados ao transtorno também.

Temperamento

As crianças mais tímidas e contidas são mais propensas a esse transtorno também, principalmente se elas encontram dificuldade para enfrentar novas situações ou novas pessoas.

Novas demandas sociais ou de trabalho

Conhecer novas pessoas, fazer um discurso em público ou fazer uma importante apresentação de trabalho são alguns exemplos de situações capazes de desencadear sintomas de transtorno de ansiedade social. No entanto, estes sintomas geralmente têm suas raízes na adolescência.

Desfiguração facial ou em outras partes do corpo, gagueira e outras doenças que costumam ser visíveis e notáveis pode aumentar os riscos de uma pessoa vir a desenvolver fobia social.

Sintomas de Fobia social

Timidez ou sensação de desconforto em certas situações sociais não são necessariamente sinais de transtorno de ansiedade social, principalmente em crianças. A forma como uma pessoa se comporta em determinada situação social depende e varia muito, de acordo com a personalidade e com as experiências de vida. Algumas pessoas são naturalmente reservadas e outras são mais extrovertidos.

Os sintomas da fobia social vão muito além desses sintomas. Além do nervosismo diário, outros sinais do distúrbio incluem medo e ansiedade acentuadas, que afetam diretamente na qualidade de vida da pessoa, comprometendo sua rotina diária, o desempenho no trabalho, na escola e em outras atividades.

Emoção e comportamento

Os principais sinais e sintomas de fobia social, no que diz respeito aos sentimentos e ao comportamento, incluem sensações mais acentuadas, como:

  • Medo de situações em que você pode ser julgado, de interagir com pessoas desconhecidas, de demonstrar sua ansiedade e apreensão em eventos sociais. Medo, também, de sintomas físicos que possam causar constrangimento, como rubor fácil, sudorese, tremores ou voz trêmula
  • Preocupação em passar por situações constrangedores ou humilhantes ou, ainda, em ofender alguém
  • Evitar fazer algumas coisas ou falar com pessoas por medo de constrangimento, evitar situações em que você pode ser o centro das atenções
  • Ansiedade ao esperar por algo, como um evento ou atividade

É comum, também, que as pessoas que sofrem deste transtorno passem algum tempo depois do fim de uma situação social analisando o seu próprio desempenho e procurando identificar falhas em suas interações ou em sua forma de agir e se comportar. Pessoas vítimas de fobia social também tendem a ser muito pessimistas, esperando sempre o pior – principalmente de situações sociais.

Em crianças, os sintomas acima descritos, mas principalmente a ansiedade, podem ser mostrados por choro, “birras” e pelo apego aos pais, às vezes recusando-se a se comunicar durante algum evento social.

Sintomas físicos

Alguns sinais e sintomas físicos podem, por vezes, acompanhar o transtorno de ansiedade social, como:

  • Batimento cardíaco acelerado
  • Dor no estômago ou náuseas
  • Problemas para recuperar o fôlego
  • Tontura ou vertigem
  • Confusão
  • Diarreia
  • Tensão muscular

Além disso, pessoas que sofrem de fobia social tendem a evitar experiências comuns e que fazem parte do cotidiano, mas que, mesmo assim, podem ser difíceis de suportar. Veja exemplos:

  • Usar banheiros públicos
  • Interagir com estranhos
  • Comer na frente dos outros
  • Fazer contato visual
  • Iniciar conversas
  • Namorar
  • Frequentar festas ou reuniões sociais
  • Ir ao trabalho ou à escola
  • Entrar em uma sala em que as pessoas já estão sentadas

Os sintomas do transtorno de ansiedade social podem mudar ao longo do tempo. Eles podem se agravar caso haja forte carga emocional ou de estresse.

Diagnóstico de Fobia social

Uma avaliação prévia com um profissional de saúde mental vai indicar se os seus sintomas são causados por fobia social ou por alguma outra condição de saúde.

Na consulta, o médico começará o diagnóstico com um exame físico para verificar se alguma causa física está por trás dos sinais e sintomas manifestados pelo paciente. Em seguida, ele poderá lhe fazer uma série de questionamentos sobre esses sinais, a fim de entender melhor a frequência e intensidade dos sintomas e saber em que tipo de situações eles costumam ser mais recorrentes.

O diagnóstico positivo para fobia social segue, muitas vezes, os critérios do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM, na sigla em inglês), publicado pela Associação Americana de Psiquiatria. Esses critérios incluem:

  • Presença de medo persistente (por seis meses ou mais) em situações sociais, com constante percepção que está sendo examinado ou receio de que agirá de maneira constrangedora ou humilhante.
  • Evitar ao máximo situações sociais que causam ansiedade ou suportá-las com medo ou ansiedade intensos.
  • Ansiedade excessiva e desproporcional à situação que está sendo vivida.
  • Ansiedade ou sofrimento que interferem diretamente na rotina e na qualidade de vida.
  • Medo ou ansiedade que não pode ser explicada por nenhuma outra condição médica, por qualquer uso de medicação ou abuso de substâncias químicas.

Tratamento de Fobia social

Os dois tipos mais comuns de tratamento para fobia social são por meio de medicamentos e psicoterapia. Essas duas abordagens podem ser utilizadas juntas, caso o médico psiquiatra acredite que uma combinação de ambas possa ser mais eficaz para o paciente. Mas não se esqueçam – somente profissionais especializados poderão prescrevê-las; nunca se medique sozinho; a pessoa que estiver com os sintomas aqui apresentados deverão procurar ajuda pois uma cura baseada, unicamente, em pensamentos positivos e orações certamente não surtirão grandes e definitivos efeitos!

Escrito por: Elane Souza DCJ Advocacia
Fonte: Jusbrasil