A advocacia de pequeno porte é, no geral, uma atividade de cunho bastante pessoal.
O atendimento do cliente, bem como a execução do serviço, tem um caráter personalíssimo.
Ao contrário do que ocorre, por exemplo, numa Advocacia de massa, onde o cliente é um número em meio a tantos processos.
O mais curioso desse fato é que, por mais pessoal que seja prestado o serviço de um Advogado, ele acaba não agradando.
Uma visita rápida a grupos de discussão de Advogados nas redes sociais é bastante para perceber duas coisas: os clientes são muito chatos e perturbam bastante; os clientes reclamam de tudo.
Não quero generalizar, mas pelo tempo que acompanho a Advocacia, tenho percebido que esse “mal” acomete boa parte da Advocacia de pequeno porte.
Que conclusão podemos tirar disso?
Pensando do ponto de vista negocial, não faz o menor sentido dizer que o cliente é chato e reclamão.
Salvo casos de exceção em que a pessoa tem algum problema de caráter, se os clientes estão chatos e reclamando do seu serviço, a “experiência” com o seu serviço precisa ser imediatamente revista.
A responsabilidade pela boa relação com o cliente não é dele, mas da organização.
A expressão “experiência do cliente” nos remete a algumas perguntas que precisam ser feitas e respondidas:
- O que o cliente espera do escritório e do serviço que será prestado?
- O que os seus concorrentes estão fazendo para agradar os seus clientes?
- A forma como você se comunica com o cliente o agrada?
- A frequência com que você presta informações sobre a causa do seu cliente é tranquilizadora?
- Quais as razões pelas quais os seus clientes deveriam escolher você e não um outro profissional?
- Você consegue listar pelo menos umas 5 razões do item acima?
Experiência do cliente vai muito além de um “bom atendimento”.
Atender bem num primeiro momento é importante, mas não é suficiente para trazer uma experiência única para o cliente.
O impacto que transformará o cliente em divulgador da sua marca vem de pequenos detalhes que devem sempre ser planejados com o foco nesta experiência:
- investir no atendimento ao clientes (às vezes, é mais importante uma secretária qualificada do que um estagiário ou advogado);
- ao atender o cliente, estar sempre com o seu histórico em mãos;
- se esse histórico está num aplicativo em nuvem, de forma que você tenha ele em mãos em qualquer lugar, melhor ainda;
- antecipar a prestação de informações, agendando um horário na semana para ligar ou enviar mensagens para seus clientes;
- ser menos formal na sua comunicação (quem espera formalismo é o magistrado, não o cliente);
- fazer testes para descobrir quais os melhores canais de comunicação com o cliente;
- investir no marketing de eventos, apostando na educação dos seus clientes através de palestras, cafés da manhã para networking, reuniões de negócios, etc.
- separar os seus clientes em perfis, e orientar a sua equipe a fazer um atendimento adequado a cada perfil;
- fazer pesquisa de satisfação (sem medo do que vai ter que ouvir dos seus clientes);
- sempre que puder, pedir feedback sobre os aspectos mais importantes do seu escritório (atendimento, prestação de informações, cuidado com a marca, comunicação, atendimento das expectativas, etc.).
- Cuide do pós-venda e não abandone o seu cliente depois que ele assina a procuração.
Escrito por: Ricardo Orsini
Fonte: Jusbrasil