Uma realidade agressiva com as mulheres dentro e fora das pistas e que, pelo jeito, dificilmente minguará tão cedo.
Adeus às modelos sobre a pista dos circuitos.
A nova proprietária da Fórmula 1, a Liberty Media, anunciou nesta quarta-feira o fim da tradicional presença destas jovens, escolhidas por seus físicos, antes das largadas de cada corrida.
A partir da temporada 2018, a F1 não terá mais a presença de grid girls durante os eventos oficiais. Apesar do diretor de marketing da categoria, Murray Barnett, negar a possibilidade já este ano, a F1 divulgou um comunicado de imprensa de surpresa para confirmar a decisão. Segundo o comunicado, a utilização do serviço das grid girls está fora do aceitável na sociedade atual.
O que Barnett havia defendido há algumas semanas era que as grid girls tivessem mais importância durante os eventos – e que não apenas ficassem em pé segurando placas. Mas Sean Bratches, diretor-comercial e um dos três homens fortes da F1, foi a público com o banimento mesmo assim.
Durante o curso do último ano, analisamos algumas áreas que sentimos necessidade de atualizar para ficarem mais próximas da nossa ideia para este maravilhoso esporte, disse Bratches.
“Enquanto a prática de empregar grid girls tem sido uma norma na F1 por décadas, sentimos que tal prática não ecoa nossos valores e claramente está em desacordo com as normas da sociedade atual. Não acreditamos que essa prática seja apropriada ou relevante para a F1 e seus fãs, velhos e novos, mundo afora”, encerrou.
Esta decisão acontece após o surgimento e popularização do movimento #MeToo (#EuTambém), que incentivou mulheres do mundo todo a denunciarem casos de assédio e violência sexuais sofridos.
– Objeto sexual ou publicitário –
“Obrigado à Fórmula 1 por ter decidido acabar com o uso de ‘Grid Girls’. Mais um esporte faz uma clara escolha em relação ao que deseja representar”, comemorou a associação britânica de promoção do esporte feminino Women’s Sport Trust.
Certos universos masculinos como o esporte e o automobilismo sempre tiveram como hábito usar as mulheres para valorizar seus produtos”, lamentou Benomar.
“É preciso acabar com estas práticas que reduzem as mulheres a um objeto sexual ou publicitário”, completou.
A discussão de manter as jovens, que seguram painéis indicando o número do carro dos pilotos, foi lançada pelos novos proprietários da F1 há algumas semanas.
Muitas pessoas querem respeitar a tradição das ‘Grid Girls’, e outras não, havia dito. A decisão foi tomada e a segunda opção ganhou. Disse Ross Brawn O diretor esportivo da categoria.
Ao mesmo tempo em que as mulheres lutam por um espaço em diversas áreas profissionais, fica em evidência muitas das vezes a exploração da figura feminina, por ser esteticamente algo que encanta e chama a atenção .
Por outro lado, sensualizar exageradamente a figura feminina é sem dúvidas algo reprovável.
Acredito que a decisão toma rumos distintos, ao mesmo tempo em que afasta as mulheres de abusos diversos e exploração de sua imagem como figura feminina; manifesta o protagonismo machista ao dizer que “não ecoa nossos valores e claramente está em desacordo com as normas da sociedade atual”, como se a categoria fosse apenas disponível as mulheres.
Quiçá um dia, quem sabe, algumas dessas desigualdades entre homens e mulheres sejam superadas, e quem sabe assim, poder ver uma mulher também ocupar o “pódium”. Atualmente só Danica Patrick representa o gênero na Nascar
Além da F1, o banimento das grid girls também é válido para a categorias-satélite que acompanham o Mundial: F2 e GP3.
A temporada da F1 se inicia com o GP da Austrália, em 25 de março.
Escrito por: Renan Marins
Fonte: Jusbrasil
Referências:
https://esporte.uol.com.br/f1/ultimas-noticias/2018/01/31/formula-1-anuncia-fim-das-grid-girls-em-suas-provas-em-2018.htm