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As impressões de uma jovem advogada.

Bem se sabe que o marketing jurídico, mesmo com as novas tecnologias, tem sua grande força na autopromoção do advogado e na sua relação com o cliente. A regra é simples: trabalhe duro e se relacione. É Batata!

Contudo, a regra tem se demonstrado mais inaplicável do que poderia ser possível. Ora, o que haveria, pois, de tão completo numa arma de promoção legítima e tão natural como essa, milagrosamente não vedada pelo código de ética? Apesar da contradição, parei para refletir sobre algumas coisas que, desde do início dos meus estudos, vivenciei e vivencio como advogada com grande frustração.

Afastada a generalização falo, com cautela, das situações mais frequentes e rotineiras. Respeito meus colegas, sejam mais novos ou iniciantes, do que me coloco em parte de tudo o que exponho.

Corriqueiramente, a frase padrão verbalizada por muitos advogados mais velhos e experientes diz “Esse é advogado novo, foi tranquilo” ou “o número da OAB dele é acima de x”. Não apenas os advogados, mas também muitos servidores públicos e, inclusive, Juízes, tratam com muito desprezo o novo advogado.

Tais afirmações nos levam (sim, inclusive a mim) a acreditar que os iniciantes da profissão são péssimos profissionais.

É com essa falsa realidade que muitos Escritórios de Advocacia escravizam seus associados com suas baixas remunerações. Também é com isso que constantemente nos enganamos temendo ser inferiores aos colegas de profissão mais experientes.

Mas, para a nossa alegria, a realizade tem se mostrado substancialmente diferente.

O mais irônico é que não é nem difícil de entender a controvérsia. Bastou a regra principal (e simples, reitera-se) ser violada para fazer, cada vez mais, com que os clientes dos velhos advogados os deixem para procurar nos novos causídicos.

Ah, como eu tenho provado desse mel! Eu realmente seria mais feliz se a situação não fosse tão trágica. O motivo principal da procura dos clientes se resume a: “o meu advogado não quis passar o número do processo” “eu não confio nele” “eu queria resolver a situação sem processo, mas ele não”.

Esqueceram-se que a causa do cliente é importante.

Esqueceram de conversar com o seu cliente.

Esqueceram da regra simples do marketing jurídico.

Esqueceram também das disposições do Código de ética.

Eis que o jogo virou. E sabe por que, caro colega? Esses mesmos clientes estão dispostos a pagar mais ao novo advogado, que dá a devida atenção ao caso, do que a você, que buscava tão somente seus honorários da ação que, por vezes, sequer precisava ser ajuizada para solucionar o caso.

Obviamente que a experiência conta muito, e não estou a falar de todos os advogados experientes. Falo, entretanto, daqueles que se utilizam dela para desqualificar colegas mais novos.

Ser iniciante na Advocacia não é só sinônimo de desconfianças e juvenilidade. Pelo contrário: muitas vezes advogados iniciantes saem na frente dos mais antigos, pela rapidez e praticidade, já que muitos advogados antigos não se adaptaram às mudanças do mundo jurídico e operacionalização do Direito.

Neste cenário, oportuno se torna dizer que, independente do “tempo de serviço”, é preciso ser um profissional competente.

O posicionamento do advogado demonstra como atuará no feito, seja ele judicial ou extrajudicial. Sua honestidade, valorização e dignidade estão a frente do jogo! Ser digno da confiança de todos e, principalmente, dos seus clientes é um passo que não se pode escolher dar.

Junto ao posicionamento, vem a necessidade de transparência (ainda mais diante do nosso cenário político) a fim de que possamos desempenhar nossas funções com clareza, enxergando as coisas como os clientes as vêm.

Um processo judicial é estressante, é chato e a situação piora bastante quando o cliente não entende nada do que está acontecendo porque o advogado dolosamente não lhe presta explicações.

Neste ponto, Harvey Specter (série “Suits”) nos ensina sobre como realizar acordos é importante, rápido e eficaz. E essa característica em Harvey é verificada em praticamente todos os episódios da série. É difícil encontrar um caso em que ele não está disposto a fazer um acordo. Ele consegue bons acordos para os seus clientes sem precisar levar o caso deles para o Judiciário e, quando é preciso iniciar um processo judicial, não descarta a possibilidade de fazer um acordo antes que o processo termine.

A judicialização já deixou de ser o foco da advocacia. Acabou-se o tempo que advogado bom é aquele que sabe brigar num processo judicial. Saber processo é e sempre vai ser imprescindível na vida de um advogado, mas o “espírito do conflito” já não é mais valorizado.

Ora, a necessidade exposta só revela o quanto os velhos advogados, apesar da pompa, têm contrariado a regra para obter suas vantagens. Eu, advogada iniciante, não me contento com essa situação confrontante. E os clientes também não, faz tempo!

Resposta à situação tem sido a procura por advogados novos e capazes. Cerca de 50% dos meus clientes já tinham um advogado. E sabe qual tem sido a reação padrão dos nobres colegas? Recusar substabelecer. E erraram de novo!

Assim, de tudo o que tenho vivido, o meu maior anseio é atuar dignamente, preocupada em jamais ser como aqueles que hoje renunciam à essência de nossa função, violando a ética e promovendo o descaso.

A nobreza da nossa Advocacia iniciante está em lutar para livremente atuar, já que tem que vivenciar esse desrespeito ultrajado de preocupação, suportando o porre dos velhos advogados cansados!

Sim, eu sei que esse final do meu texto dissertativo parece curto demais. Mas é isso mesmo: eu não quero ser uma advogada tão medíocre. Há muito mais para se fazer com nossa profissão tão nobre. O jargão de “excelência na prestação de serviços jurídicos” já não é mais suficiente, dotô!

E sim: a experiência, muito embora tenha sua parte grandemente importante, não é suficiente também.

A sociedade pede mais do Advogado.

O cliente pede mais do Advogado.

O Advogado junior pede mais do Sócio Advogado.

Isso não nos diz algo?

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Escrito por: Amanda Stallmach

Fonte: Jusbrasil