Basta a prática de um crime que tenha repercussão midiática e logo a imprensa procura os parentes da vítima para lhes indagar: “qual o seu sentimento agora?”, obtendo como resposta: “queremos justiça!”.
Sempre que eu ouço isso fico me questionando: o que é justiça? Qual é a justiça que essas pessoas querem? A aplicação da lei? A prisão? A morte?
Esses questionamentos surgem pelo fato de que muitas vezes a “justiça” que esperamos não é a mesma justiça legal.
Qual é a justiça que a família de uma vítima de homicídio espera que seja feita com o autor do crime? Será que para ela a prisão do acusado é suficiente? A condenação será uma representação da justiça?
Na minha opinião, não há nada que possa ser feito para amenizar o sofrimento de quem é vitimado, logo, por mais que a Justiça atue, por mais que a lei seja aplicada, não fará a justiça esperada.
A lei, portanto, por mais que estabeleça uma determinada sanção para a prática de uma conduta considerada criminosa, nunca conseguirá agir conforme a vontade e o sentimento da vítima ou de seus familiares.
Afinal, qual é a justiça que pode ser feita no caso de um homicídio?
Nem mesmo com a pena de morte ou a prisão perpétua esse sentimento de justiça será alcançado.
Querer justiça, então, nem sempre corresponderá à aplicação da lei.
Inclusive, em muitos casos, não queremos justiça, mas vingança e o Estado não pode agir desse modo.
Por isso, não devemos querer que seja feita “justiça”, devemos almejar a aplicação da lei e, se entendermos que a lei é ultrapassada, a sua reforma.
Escrito por: Canal Ciências Criminais
Fonte: Jusbrasil