Com o alto índice de roubos de cargas e também o risco que envolve as atividades dos carteiros em entrega de encomendas e Sedex, os Correios e lojas do sistema e-commerce (comércio eletrônico) estão usando uma estratégia que, analisando de perto, não é possível ‘engolir’ de maneira satisfatória.
Trata-se da impossibilidade do cidadão poder efetuar uma compra no e-commerce, pois, ao digitar o CEP (Código de Endereçamento Postal), o sistema de algumas lojas exibirem a mensagem de que não fazem entrega naquela localidade. É que está havendo uma restrição de entregas a algumas localidades e CEPs.
Sim, os consumidores idôneos estão impossibilitados de adquirir algum produto através de lojas eletrônicas pelo simples fato de residirem em algum local onde comumente ocorrem vários assaltos e roubos de cargas e encomendas.
O repórter de um jornal fez uma simulação como se um determinado consumidor que reside no bairro da Rocinha, no Rio de Janeiro, estivesse tentando adquirir um aparelho celular IPhone7 que vale quase 4 mil reais, ao que a loja indicou que o CEP indicado não é assistido com o sistema de entregas. Imediatamente o repórter simulou idêntica compra, fornecendo outro CEP e o sistema aceitou normalmente.
Na verdade, a insegurança é gritante, não só no RJ, mas em vários Estados da Federação; todavia, se a moda pegar, como subsistirão os direitos de isonomia que devem ser garantidos a todos os cidadãos, se, pelo fato da alta criminalidade, ele assiste, impotente, a mitigação e efetivo impedimento do seu direito de adquirir um bem de consumo mesmo sendo uma pessoa idônea?
Responda quem souber!
Escrito por: Fatima Burégio
Fonte: Jusbrasil
“pelo simples fato de residirem em algum local onde comumente ocorrem vários assaltos e roubos de cargas e encomendas.” Vários assaltos e roubos de cargas e encomendas não é um simples fato.
O problema da insegurança não pode ser causa para responsabilizar as empresas, pois se trata de segurança pública cujo exercício é exclusivo do Estado e vedado ao particular. Não entendi o sentido do termo estratégia empregado no texto. O que as empresas ganham em se recusar a entregar em locais, conforme o texto aponta, “com alto índice de roubos de cargas”. Deixar de vender para quem visa o lucro é bom? É certo responsabilizar as empresas que se recusam em entregar as mercadorias em locais onde “ocorrem vários assaltos e roubos de cargas e encomendas”? E a segurança dos profissionais que trabalham no transporte de mercadorias, também não fica mitigada? Esse texto se baseia em uma premissa absurda: a alta criminalidade é algo normal. Então quando você estiver no meio de um tiroteio no Rio de Janeiro, haja como se nada demais estivesse acontecendo, pois no Brasil isso é normal e se você for baleado a culpa é sua.