Escolha uma Página

Neste texto, tratarei dos desafios que surgem após a aprovação no exame da OAB.

Há uma ideia equivocada de que, na vida profissional, a etapa seguinte é mais fácil ou prazerosa que a etapa anterior.

Se é difícil convencer o examinador da OAB a alterar a nota da 2ª fase do exame, imagine convencer um Juiz – que raramente tem tempo ou disposição – a privilegiar o entendimento defensivo em detrimento do “presumidamente correto e justo” entendimento da acusação.

Quando fui aprovado no concurso para Defensor Público do Estado do Rio Grande do Sul, pensei que iniciaria um momento profissional menos sofrido que o período de realização do certame. Estava enganado! Nas primeiras semanas no cargo, já havia lido mais (especialmente processos de júri) do que em todo o concurso, que havia demorado praticamente um ano.

Na Advocacia, ocorre a mesma coisa. O início é extremamente difícil, especialmente quando se busca uma colocação no concorridíssimo mercado.

Quando surgem os primeiros clientes, o Advogado, por um breve período de tempo, pensa que agora, sem a preocupação financeira tão frequente no início, terá mais tranquilidade na vida profissional. É um equívoco!

Com a notoriedade alcançada, surgem clientes que, pelos valores dos honorários pagos, consideram – com razão – que merecem mais atenção e disponibilidade, além de, não raramente, pretenderem algo semelhante a uma exclusividade, como se a utilização dos serviços de determinados Advogados fosse uma grife (talvez esse seja o motivo da expressão “escritório boutique”).

Os desafios maiores surgem como decorrência da preparação do Advogado para enfrentá-los. Quando mais se evolui, maiores se tornam os desafios enfrentados.

Por esse motivo, todo o sofrimento enfrentado na faculdade e, posteriormente, para a aprovação no exame da OAB fica para trás após os novos desafios que surgem na Advocacia. Após cada etapa concluída (conclusão do curso, aprovação no exame da OAB, primeiros clientes, clientes de maior valor agregado etc.), o Advogado supera uma zona de conforto, ingressando em um novo ponto de desconforto em sua vida.

Quanto mais notoriedade se obtém, maior é o nível de exigência das pessoas que cercam o Advogado (clientes, parceiros, sujeitos processuais etc.). Se a nova etapa não parece ameaçadora e difícil, provavelmente não é uma nova etapa, mas apenas uma extensão da etapa anterior. Em outras palavras, será que o profissional está evoluindo?

Como profissional inquieto que sou, acredito que é esse “estar desconfortável” que permite a evolução no âmbito profissional e acadêmico.

[activecampaign form=32]

Escrito por: Evinis Talon
Fonte: Jusbrasil