Sairemos em parte do nosso enfoque jurídico para falarmos de liberdade com ares mais abertos, filosóficos.
Mudanças por mais convictas que se demonstrem possuem um gotejo do que se define simploriamente como sendo arte, sempre causará estranhamentos. Este ano de 2018 não se revelaria por certo como foi 2017, mas precipitou-se aditivado por procura do meu sentido de arte, existia uma angústia por não mais manter-me em um “status quo” que me repassava mais do mesmo como um filme que se vê por diversas vezes em meio ao tédio de uma vida sem mais valia, quando este filme passou-me de meramente entediante para sufocante.
Jean Paul Sartre: “estamos condenados a sermos livres:”Condenado porque não se criou a si próprio; e, no entanto, livre, porque uma vez lançado ao mundo, é responsável por tudo quanto fizer”…
Immanuel Kant:” O ser humano é livre sempre que se submete às leis da sua própria razão. Nesse caso, não somos livres quando fazemos aquilo que nos apetece, mas sim quando cumprimos o nosso dever, ou seja, quando nos submetemos à lei moral que existe em nós”.
De acordo com o Houaiss: dicionário da língua portuguesa, liberdade é o direito de expressar qualquer opinião, agir como quiser; independência. Ter licença ou permissão. É também a condição de não ser prisioneiro ou escravo; atrevimento, intimidade. A liberdade é também um conceito central na filosofia, todos os grandes pensadores trataram dela. Neste infográfico buscamos trazer as contribuições de alguns filósofos sobre esse tema ao longo da história.
Liberdade não se define por unanimidade, liberdade cada um possui a sua na medida do grau que se permite ser ou não restringido. Liberdade pode “consequenciar “ solidão em momentos estanques ou perene, pode revelar-se uma escolha ou uma imposição da vida, pode promover momentos de extrema euforia e em minuto seguinte abater-se pela depressão, por isso é preciso pesá-la antes de aderir às suas inúmeras possibilidades.
É preciso desmistificar porém, a falácia de que ser livre é estar sozinho… Em absoluto! É possível ser livre dividindo sua vida com outras pessoas, desde amigos, companheiros de vida ou mesmo cônjuge, que repartam um mesmo espaço mas respeitem suas individualidades, seus desejos e aspirações de vida, desde que você se sinta feliz e realizado com referidos compartilhamentos. Liberdade nada mais é do que a possibilidade de se expressar diante da vida da forma que melhor lhe aprouver sem que restrições indesejadas precarizem o seu percurso ou lhe imponha uma solução de continuidade.
Importante atentarmos que muitas vezes as restrições acabam impostas por terceiros sim, mas algumas restrições são barreiras que nós mesmos nos colocamos nos auto reprimindo, por vezes nos auto sabotando diante do que pode ser passado pelo meio como sendo o convencional, o socialmente prescrito como politicamente correto. Melhor concluiríamos se colocássemos boa parcela das liberdades que não vivemos por um problema nosso, subjetivo, pois em regra a vida sempre está a nos oportunizar a chance de nos libertarmos das amarras que nos condicionam, mas nem todos possuem o atributo da coragem para agarrar a vida sem condicionamentos, a vida fora do cerco da casinha.
Este ano resolvi encontrar-me com a minha essência e de fato viver a vida com todas as suas nuances e perigos de um percurso quase nunca facilitado pelo meio que a incompreende. A vida pode ser algo além do que nos dizem ser, a vida pode ser o que queremos que seja, basta gotejos de coragem para vivê-la e não mais representar o papel que lhe dispuseram.
É nesta vibe, inclusive, que já articulei juridicamente sobre diversas liberdades como as de expressão, sexual, de imprensa (todas formas de liberdade de expressão) como fundamentais direitos à dignidade. Posso defender a liberdade de expressão sendo contrário aos excessos danosos e irrresponsáveis, posso defender a homoafetividade embora seja um hetero convicto consciente da natureza humana, e para finalizar em um sentido mais amplo como foi o deste arrazoado, posso defender a liberdade de ser feliz apesar de muitos ainda pensarem que a felicidade está impregnada do respeito às convenções e imposições do que é comum, do que é mais do mesmo, do quadrado que lhe apresentaram como “seu”. Agora cuidado, como sempre dizemos, liberdade há que ser tratada com responsabilidade, sua liberdade só é sadia se a liberdade de quem com você se relaciona também é respeitada, cada qual vivendo as suas liberdades responsáveis com o mínimo de imposições necessárias possíveis. Sua liberdade pode ser diferente da liberdade do próximo e ambas devem ser respeitadas.
Escrito por: Leonardo Sarmento
Fonte: Jusbrasil